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7 sinais de que algo na saúde pode não estar bem – e que costumam ser ignorados

Cansaço e dor de cabeça frequentes são exemplos de sintomas que não devem ser ignorados Foto: Syda Productions/Adobe Stock

Muitas vezes, convivemos com incômodos que parecem parte da rotina, mas, na verdade, são alertas de que tem alguma coisa fora do eixo. “Levamos um estilo de vida tão agitado que, muitas vezes, nos desconectamos dos sinais que o corpo e a mente enviam quando algo não vai bem”, avalia a médica Sley Tanigawa Guimarães, coordenadora da pós-graduação em Medicina do Estilo de Vida do Hospital Israelita Albert Einstein.

Ignorar esses alertas pode atrasar diagnósticos importantes e afastar você de uma vida mais saudável e equilibrada. A seguir, listamos sete sinais que merecem atenção, segundo especialistas.

1- Cansaço constante

Se você acorda cansado, vive sonhando com a próxima folga ou cochila em qualquer canto, atenção. O cansaço excessivo é uma das queixas mais comuns nos consultórios e, embora muita gente associe ao estresse ou à correria do dia a dia, ele pode ter outras causas. “Anemia por deficiência de ferro é uma das principais, especialmente entre mulheres com fluxo menstrual intenso ou pessoas que reduziram ou cortaram o consumo de carne vermelha”, afirma Alessandra Rascovski, doutora em Endocrinologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Distúrbios hormonais, como hipotireoidismo e menopausa, também podem estar por trás da fadiga. Quando o cansaço vem acompanhado de sonolência excessiva, queda de libido ou dificuldade de concentração, vale buscar avaliação médica – um simples exame de sangue pode trazer respostas.

2- Irritabilidade que foge do seu padrão

Estourar por qualquer coisa ou se sentir mais impaciente do que o habitual pode indicar que algo não vai bem. Mudanças súbitas de humor, irritabilidade fora do padrão e reações desproporcionais podem estar ligadas a desequilíbrios hormonais, deficiências nutricionais ou até transtornos como ansiedade e depressão. “O estresse crônico, oscilações glicêmicas causadas por dietas ricas em açúcar e sono de má qualidade também afetam diretamente o controle emocional”, alerta Alessandra.

3- Dor de cabeça recorrente

Todo mundo sente dor de cabeça de vez em quando. Mas, quando elas se tornam frequentes, intensas ou diferentes do habitual, é hora de investigar. As possíveis causas são variadas: tensão muscular, alterações hormonais, má alimentação, distúrbios do sono, além de problemas de visão ou da mandíbula. “Pular refeições, consumir pouca água e abusar de certos alimentos, como chocolate ou vinho tinto, também podem ser gatilhos”, diz a endocrinologista. Sinusites, bruxismo e doenças bucais são outras causas comuns e, muitas vezes, esquecidas.

Já quando a dor vem acompanhada de febre, rigidez na nuca, vômitos ou alterações neurológicas, é preciso buscar atendimento imediato. Outro ponto importante é o uso excessivo de analgésicos: tomar remédio toda vez que a dor aparece pode levar a um efeito rebote, tornando-a cada vez mais frequente – e o medicamento cada vez menos eficaz.

4- Barriga estufada com frequência

Sensação de inchaço, gases e desconforto abdominal nem sempre estão ligados ao excesso de comida. Podem ser sinais de intolerâncias alimentares, disbiose intestinal ou síndrome do intestino irritável – que costuma piorar em momentos de estresse.

Uma alimentação rica em ultraprocessados, refrigerantes e adoçantes artificiais tende a agravar o problema. Aumentar o consumo de fibras naturais, beber bastante água e observar os alimentos que geram desconforto são medidas que ajudam a melhorar o bem-estar digestivo.

5- Memória ruim e mente embaralhada

Se você anda esquecendo compromissos, perdendo o fio da meada com frequência ou sentindo a cabeça “nublada”, não deixe pra lá. Embora o excesso de estímulos e distrações do dia a dia comprometa a atenção, outros fatores podem estar por trás do problema. Segundo Alessandra, esquecimentos frequentes não devem ser tratados apenas como “coisa da idade” ou “da correria”.

Estresse crônico, sobrecarga mental, multitarefa e noites maldormidas estão entre os principais vilões da concentração. “Durante o sono, o cérebro elimina toxinas e consolida memórias. Quando esse processo é interrompido, todo o funcionamento cognitivo sofre”, explica. Alterações hormonais, como as causadas pela menopausa e pelo hipotireoidismo, deficiências nutricionais – especialmente de vitamina B12 – e dietas pobres em nutrientes também afetam a saúde cerebral. Doenças metabólicas, como resistência à insulina e pré-diabetes, impactam a cognição e já levam alguns especialistas a chamarem o Alzheimer de “diabetes tipo 3”. E claro: também vale procurar um neurologista e descartar quadros como demências.

6- Mau hálito persistente

Mais do que um incômodo social, o mau hálito frequente pode ser sintoma de desequilíbrios no organismo – e eles não se restringem a questões odontológicas, como gengivite e cáries. Distúrbios digestivos, a exemplo de refluxo, constipação e disbiose intestinal, e problemas metabólicos, como diabetes descompensado, também podem estar por trás do odor.

“Quando a digestão falha, compostos produzidos no intestino podem ser liberados pela respiração”, explica Alessandra. O hálito adocicado em pessoas com diabetes, por exemplo, pode indicar uma emergência médica chamada cetoacidose diabética. Enxaguantes e balas apenas mascaram o problema – mas não são a solução.

7- Perda de interesse pelas coisas

Sentir que nada mais te anima ou traz alegria pode ser mais do que uma fase ruim. “Essa sensação de apatia, de que nada faz seus olhos brilharem, é um sinal de alerta para a saúde mental”, diz Sley Tanigawa. Esse é um dos sintomas mais comuns da depressão e, muitas vezes, é confundido com cansaço, preguiça ou desânimo passageiro. Se até mesmo atividades que antes davam prazer começam a parecer indiferentes, é fundamental procurar ajuda especializada. E, vale lembrar, saúde mental precisa ser levada tão a sério quanto qualquer outro aspecto do nosso corpo.

Fonte: Estadão