Pular para o conteúdo

Mais do que estar só, é ser invisível para o outro

Estar só e se sentir sozinho são coisas diferentes. Estar só implica na falta de encontros e relações. Mas a sensação de se sentir sozinho, solidão, pode acontecer mesmo quando estamos cercados por outras pessoas, o que torna essa experiência mais complexa de entender.

Diversas pesquisas mostram que o isolamento ou a sensação de solidão estão ligados a diversos problemas de saúde física e mental. Por isso, muitos países estão tratando essa questão como uma prioridade de saúde pública.

Assim como uma pedra filosofal, as relações sociais são fundamentais para uma vida longa e feliz, como mostra o famoso estudo da Universidade de Harvard (EUA). Por isso, é importante entender o porquê de essas relações serem tão importantes para nós.

Sabemos que as redes sociais, quando usadas de forma segura e ampla, podem reduzir a ansiedade e a insegurança, ajudando a lidar com situações difíceis.

No entanto, ao falarmos de redes sociais, é importante lembrar que a sensação de solidão (quando não é uma escolha) pode acontecer mesmo estando com outras pessoas. Isso mostra que a qualidade das nossas relações é mais importante do que a quantidade.

A palavra que melhor define essa sensação é “vínculo”, que em sua origem latina significa “ligação”. Isso nos leva a pensar que as pessoas precisam de relacionamentos fortes que proporcionem segurança e confiança. Esses vínculos são essenciais na infância e continuam importantes ao longo da vida, embora possam ter consequências negativas quando são rompidos.

Portanto, quando falamos desses vínculos, a sensação de ser valorizado e amado por outras pessoas é fundamental. A solidão, nesse sentido, é mais difícil de medir do que o isolamento, pois é uma experiência mais subjetiva e pessoal.

Podemos pensar na solidão como algo pessoal, relacionado às habilidades sociais de cada um. Mas existem outros fatores que influenciam nossos relacionamentos, como perdas de entes queridos ou mudanças de papel social. Por isso, o que era comum em uma fase da vida pode se tornar mais difícil em outra.

Por Ricardo Lacub

Ricardo Lacub – Doutor em Psicologia, docente da Universidade de Buenos Aires (UBA/Argentina). Texto publicado no jornal Clarín/AR. Tradução livre.