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Daqui a 20 anos: do que eu não quero me arrepender?

Há perguntas que não apenas nos inquietam, elas nos despertam. Em tempos de ansiedade coletiva, incertezas e vidas apagadas pela falta de direção, talvez nenhuma questão seja tão transformadora quanto está: “Do que eu não quero me arrepender daqui a vinte anos?”

Sim, está difícil. Mas para quem está fácil?

Cada geração olha para trás e imagina que seus avós viveram tempos mais simples. Talvez. Mas reflita: nossos avós e bisavós venceram suas dificuldades, a distância e a falta de tecnologia,  não tinham internet, não tinham respostas instantâneas, não tinham atalhos. A comunicação demorava meses, o acesso a oportunidades era limitado, mesmo assim construíram futuro do qual você disfruta.

A verdade é que, ontem ou hoje, o futuro nunca foi obra do acaso. O futuro é colheita. E colheita exige plantio. Então, com honestidade: o que você está plantando? Proatividade ou desculpas? Pontes ou muros? Caminhos ou obstáculos?

Estamos cercados por jovens e adultos fatigados, emocionalmente adoecidos, paralisados pela comparação e pelo medo. Mas a vida não espera condições perfeitas para acontecer. E o tempo, como alertou Cazuza, não para.

A Bíblia nos adverte sobre a urgência de viver com propósito: “Remindo o tempo, porque os dias são maus.” (Efésios 5:16) Cada dia é uma oportunidade ou uma omissão.

E Provérbios da bíblia nos dá uma lição que atravessa séculos: “Vai ter com a formiga… considera seus caminhos e sê sábio.” (Provérbios 6:6) A formiga não reclama, não projeta culpas, não foge da realidade. Ela prevê, planeja, guarda. Ela age.

O Alcorão reforça essa mesma verdade com precisão espiritual e moral: “O homem não terá senão aquilo pelo qual se esforçar.” (Alcorão 53:39) Fé sem ação é esperança vazia. Ação sem fé é força sem direção. Mas fé aliada à ação constrói destino.

Os filósofos já compreendiam essa lógica muito antes de nós. Aristóteles afirmou: “Somos aquilo que fazemos repetidamente; a excelência é um hábito.” Ou seja, o futuro não chega, ele é construído. Tijolo por tijolo.

Marco Aurélio lembrava que o maior desperdício da vida é o tempo mal vivido. E Sêneca, com sua precisão estoica, ensinou que “não existe vento favorável para quem não sabepara onde vai.”

JESUS, na parábola mais conhecida sobre prudência, nos ensinou a planejar o amanhã: “Aquele que ouve e pratica é como o homem que edificou a casa sobre a rocha.” (Mateus 7:24) Só permanece em pé quem constrói com profundidade.

O Alcorão ainda aprofunda essa responsabilidade: “Deus não muda a condição de um povo até que eles mudem aquilo que está em si mesmos.” (Alcorão 13:11) É impossível esperar  mudanças externas quando não mexemos no nosso próprio interior.

E você? Já se perguntou seriamente do que não quer se arrepender daqui a vinte anos?

De não ter estudado? De não ter cuidado da sua saúde física e emocional? De não ter fortalecido sua fé? De não ter economizado quando teve oportunidade? De não ter amado quem merecia seu amor? De não ter sido corajoso quando a vida exigiu firmeza?

O arrependimento nasce do não agir, do adiar, do deixar para depois o que precisa ser iniciado hoje. A colheita exige tempo, e o tempo exige constância.

Proatividade é mais que movimento, é antecipação. É a coragem de construir um futuro em que você não seja refém das circunstâncias, das carências, das dependências materiais ou emocionais. É libertar-se agora para não viver aprisionado amanhã.

Jovem, a pergunta continua sobre a mesa: Onde você quer estar daqui vinte anos?

O tempo não aceita desaforos. Ele simplesmente… passa. Arrependimentos que ainda podem ser evitados. O futuro ainda está nas suas mãos. Seja sábio. Plante bem. E comece hoje.

Por Naime Márcio Martins Moraes – Advogado e Professor Universitário