Meus mestres me ensinaram que a vida é um pouco diferente do “penso, logo existo” apregoado filósofo e matemático francês René Descartes. Para eles, vale a máxima: “existo, logo penso”.
Recentemente, fiz uma aula de aerial yoga com a Carla Asevedo (@flyoga.sp), na qual um tecido chumbado ao teto ajuda a realizar as posturas. Essa coluna nasceu logo que saí da aula. Durante um dos exercícios, Carla nos pediu para agradecer nossos mestres e lembrar que, por trás deles, há outros mestres. Sou devota da gratidão. Tenho até um livro sobre isso, com frases, textos e exercícios que giram em torno dessa palavra. E aquilo me fez pensar muito. E agradecer. Em outro momento da aula, ela chamou a atenção para um superpoder que todos temos: a imaginação. E contou:
— Quando usada com sabedoria, a imaginação cura.
O que vem a seguir é um convite para imaginar e agradecer momentos importantes que, tenho certeza, quase todo mundo que está lendo vai reconhecer.
1) A professora que te ensinou a escrever
Ela se chamava Nadyr Luz, ficou na minha escola por uns dois ou três anos, tinha uma letra linda, cabelo encaracolado e gostava das minhas redações. Ela me dava boas dicas e corrigia com amor o que eu escrevia. Tive outros grandes mestres nessa área (alô, alô Carmo Chagas, pai amado; Luiz Egypto e Ricardo Kotscho — sim, fui aluna dele na PUC-SP, sorte, né?). A ideia é pensar nessas pessoas, se imaginar dando um abraço muito apertado em cada uma delas e agradecer por existirem em sua vida.
2) A primeira viagem que fez com amigos
Foram tantas, com pessoas tão especiais, mas aqui vou lembrar da que fiz com a Claudia Fontoura para o Rio de Janeiro quando estava com o coração partido, em 1991, em seu Escort XR3 branco. Virei uma página naquela viagem e segui para outras aventuras. Obrigada, Claudes, por essa e por todas as outras. O abraço levo pessoalmente.
3) Um bom conselho que recebeu dos seus pais
Foram inúmeros. Vou contar um que recebi do Papai: “Há mais gente boa do que ruim no mundo”, e um que ganhei da Mamãe: “Faça o melhor que conseguir, isso é muita coisa”. Duas orientações valiosas que, em tempos de incerteza, sempre indicaram o melhor caminho. Mamãe, onde você estiver, muito obrigada. Pai, obrigada também.
4) Algo que aprendeu com uma criança
Quando meu filho mais velho, João Francisco, tinha 4 anos, me disse:
— Mãe, quando crescer, quero ser jornalista.
Emocionada, respondi:
— É mesmo, como o vovô e a mamãe?
Ele:
— Não! Como o Super-Homem e o Homem-Aranha!
João Francisco, obrigada por me dar a medida de quem eu sou e me ensinar a ser a melhor mãe que posso ser.
5) A oportunidade de realizar um sonho
Aqui vou ser meio piegas e agradecer ao meu marido, João, e ao meu filho caçula, João Henrique, meu abraço favorito neste mundo. Sempre sonhei em ter uma família e, por motivos que vocês sabem bem quais são, realizaram esse sonho, que só melhora com os dias.
6) Aprender a pedir perdão e a perdoar.
Paula Gama, amiga iluminada e que talvez por isso tenha virado estrela prematuramente aos 53 anos, em 2024. Ela me ensinou o poder do perdão e a importância de praticá-lo. Estamos aqui para, entre outras coisas, aprender a perdoar aos outros e a nós mesmos. É uma capacidade que só nos faz crescer. Obrigada, Paula. Viverei para honrar nossa amizade e o que aprendi com você.
7) A lembrança de um lugar que te acolheu.
De janeiro de 2013 a dezembro de 2016, morei em Copacabana. São Paulo me ensinou a andar, produzir, me superar. Com o Rio, aprendi a contemplar. A escutar. A sorrir para a vida. O Rio de Janeiro foi uma cidade que me abraçou e ensinou minha família a apreciar a vida. Valeu, Rio! A vida é melhor para aqueles que sabem aplaudir o pôr do sol.






