
Muitos setores exportadores brasileiros imaginavam que haveria uma lista de exceções no decreto de Donald Trump sobre a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, já que muitos itens consumidos nos Estados Unidos só são produzidos aqui. Mas parte dos produtos que encabeçam a lista da exportação – como carne, café e frutas – acabaram ficando de fora das exceções e serão sobretaxados a partir de quarta-feira (6/8).
Como explicar por que esses itens continuam sendo sobretaxados, mesmo que isso possa impactar os consumidores norte-americanos? A explicação está na concorrência internacional. Produtos que podem ser encontrados em outros países, mesmo que numa quantidade ou qualidade inferior ao Brasil, acabaram sendo taxados.
De acordo com Murillo Oliveira, especialista em comércio exterior e investimentos da Saygo Comex, o café permaneceu com a tarifa de 50% porque existem outros produtores no mundo. Segundo ele, além de Colômbia e Vietnã, também é possível encontrar fornecedores de café em países como Índia, Antilhas e Panamá. “Por ele ser um produto com alta elasticidade, uma abundância de substitutos, foi tirado da lista de exceções sem grandes prejuízos para atividade econômica”, avalia o especialista.
No caso dos produtos manufaturados, a situação é diferente. Os aviões e as peças produzidos pela Embraer, por exemplo, não serão sobretaxados pelo governo Trump, justamente porque a fabricante de aviação fornece produtos específicos para as demandas da aviação civil norte-americana. “O caso de Embraer é o contrário do café. São produtos manufaturados produtos industrializados que não têm tantos substitutos assim. No custo oferecido pela Embraer, não há substitutos tão óbvios”.
Quando se observa a lista das exceções, estão produtos oriundos de petróleo produzidos especialmente pela Petrobras; produtos de ferro e aço; minerais e elementos químicos; fertilizantes; plásticos e borrachas; equipamentos de refrigeração e aquecimento, entre outros. Já no setor do agronegócio, apenas suco de laranja e castanha do Pará entraram na lista de exceções.
Fonte: Jornal O Tempo