
Vicente Lionetti, um cabeleireiro de 91 anos que emigrou da Itália após a Segunda Guerra Mundial, continua ativo e diz que se manter ocupado é a chave para se manter saudável na velhice.
Lionetti nasceu em Bari, sul da Itália, em 1934. Aos 17 anos, mudou-se para a Argentina com os pais, após viver em um país devastado pela guerra. Desde então, mora na cidade de Tandil, onde abriu seu salão de beleza em 1951, ano em que chegou ao país.
“O que me faz continuar é isso. Chegar e trabalhar todos os dias”, disse ele.
Rotina ativa e simples
Como explicou Vicente , seu dia começa cedo com um café da manhã simples: café com leite ou chá. Depois, ele abre o salão, trabalha até o meio-dia, almoça e retorna à loja à tarde.
“Todo dia é igual”, afirma.
Quanto à alimentação, o idoso conta que evita frituras e não segue dietas rígidas.
“Eu como de tudo, não tenho problema com isso, embora evite frituras. Me acostumei com isso por conta da minha mãe”, ressalta.
Lionetti destacou três pilares para se manter saudável: boa alimentação, exercícios e vida social.
“Até alguns anos atrás, eu jogava futebol e andava de bicicleta. Agora continuo jogando bilhar e saindo com os amigos”.
Conselhos para jovens e idosos
O cabeleireiro acredita que é essencial não ficar parado.
“Saiam, façam alguma coisa”, aconselhou ele aos mais velhos. Ele recomendou que os jovens estudem:” É importante se preparar para o futuro.”
Profissão que o acompanha desde os 14 anos
Lionetti aprendeu o ofício na Itália quando sua família lhe pediu para escolher entre trabalhar ou estudar.
“Escolhi trabalhar, porque precisávamos do dinheiro em casa”, lembrou.
Ao chegar à Argentina, começou como assistente em um salão de beleza. Pouco tempo depois, o proprietário lhe ofereceu a chance de assumir o local por um aluguel baixo, uma oportunidade que mudaria sua vida.
A loja ainda conserva a cadeira e o espelho originais, além de ferramentas com mais de 50 anos.
“Comecei a cortar cabelo com esta máquina. Ela ainda funciona; se acabar a energia, consigo usá-la sem problemas”, explicou enquanto exibia o vaporizador antigo.
Legado que não planeja abandonar
Várias gerações de moradores passaram pelo salão de Vicente Lionetti. Muitos o escolhem por tradição, outros por afeição. Lionetti não pensa em se aposentar.
“Quero continuar no meu salão até que meu corpo diga ‘chega’.”
Rindo, ele admite que nunca se adaptou a uma parceira, mas se adaptou à vida em Tandil, onde se sente como “apenas mais um nativo de Tandil”. Enquanto se mantém atualizado sobre as tendências de corte de cabelo, ele também encontra tempo para assistir televisão, especialmente à RAI, o canal italiano que o conecta com suas raízes.
Fonte: Folha de S. Paulo