
Os casos graves de gripe, causados pelo influenza A, seguem em crescimento no país, segundo informações da última edição do boletim Infogripe, da Fiocruz, divulgadas na última quinta-feira (5). De acordo com o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa, chefe do Departamento de Infectologia da Unesp e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o que agrava ainda mais a situação neste ano é a baixa adesão à vacina da gripe.
Dados do Ministério da Saúde apontam que a cobertura vacinal entre o grupo prioritário, que inclui idosos e crianças pequenas, está em apenas 32%. Embora essas pessoas tenham maior risco de desenvolver casos graves da doença, especialistas ouvidos pelo GLOBO afirmam que todos devem se vacinar.
— Todos que puderem devem se vacinar — afirma o infectologista Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury.
— Embora as complicações graves sejam mais comuns em pessoas vulneráveis, existem casos de adultos jovens e saudáveis que evoluem mal com a doença — completa Barbosa.
Este ano, diante do aumento precoce de casos de gripe no país, o Ministério da Saúde recomendou que estados e municípios ampliem a vacinação para toda a população. Estados como Amazonas, São Paulo, Bahia, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pernambuco já liberaram a vacinação para todos. A medida também foi adotada pelo município do Rio de Janeiro.
Nos locais que ainda estão vacinando apenas pessoas do grupo prioritário, quem não fizer parte deste público e quiser se vacinar, é possível recorrer à rede privada.
Confira outras dúvidas sobre a vacina e a gripe.
A vacina do SUS é diferente da vacina da rede privada?
Tanto a vacina oferecida pelo SUS quanto a da rede privada seguem as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS). A diferença principal está na composição. A vacina do SUS é trivalente, ou seja, protege contra três cepas do vírus da gripe — dois subtipos do influenza A (H1N1 e H3N2) e uma linhagem do influenza B (B/Victoria). Já a vacina da rede privada costuma ser quadrivalente, que inclui essas mesmas três cepas mais uma cepa adicional do influenza B (a linhagem B/Yamagata).
Isso não significa que a vacina do SUS esteja “atrasada” ou desatualizada. Segundo Granato, a cepa adicional presente na vacina do sistema privado tem uma circulação muito baixa.
Na rede privada existe um segundo tipo de vacina, indicada apenas para idosos. Trata-se de uma vacina de alta dose. Ela é feita com as mesmas cepas da vacina quadrivalente, mas contém quatro vezes mais antígenos, o que aumenta a proteção nesse grupo que naturalmente tem um sistema imunológico mais deficiente e precisa de mais estímulo para produzir anticorpos contra a doença.
A vacina da gripe causa gripe?
De acordo com Naime Barbosa, essa é uma das “fake news mais antigas e persistentes”. A vacina é feita com vírus inativado, sem qualquer capacidade de provocar a doença. O que pode acontecer, em alguns casos, são reações leves, que causam um mal-estar passageiro e podem ser confundidos com a infecção.
Outro fenômeno que pode ocorrer é a pessoa se vacinar, entrar em contato com algum vírus respiratório e adoecer. Uma terceira opção é a pessoa já estar infectada quando toma a vacina ou nos primeiros dias após a imunização, mas antes da vacina fazer efeito.
Quanto tempo demora para a vacina fazer efeito?
Demora cerca de 10 a 15 dias para a vacina fazer efeito.
A vacina da gripe é eficaz?
Em geral, a eficácia da vacina gira em torno de 40% a 60%.
— Pode parecer modesto à primeira vista, mas o mais importante é que ela é muito eficaz em prevenir as formas graves da doença, hospitalizações e óbitos, especialmente em crianças pequenas, idosos, gestantes e pessoas com comorbidades — afirma Barbosa.
Quais são os efeitos colaterais da vacina da gripe?
A maioria das pessoas não apresenta nenhum sintoma relevante após a aplicação. Quando ocorrem, são geralmente leves e passageiros, como dor e vermelhidão no local da aplicação, cansaço ou febre baixa nas primeiras 24 a 48 horas.
Existe alguma contraindicação para tomar a vacina da gripe?
A principal contraindicação é para pessoas que já tiveram reação alérgica grave a alguma dose anterior da vacina ou a algum de seus componentes, especialmente à proteína do ovo. Pessoas com febre alta ou em estado geral de saúde comprometido devem aguardar a recuperação para se vacinar.
Fonte: O Globo