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Depressão em idosos: como identificar sinais e buscar ajuda

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a depressão afeta 10,2% da população adulta no Brasil, com a taxa mais alta entre os idosos de 60 a 64 anos, que apresenta 13,2% de prevalência. Os de 65 a 74 anos aparecem com 11,8%. E, por último, os de 75 ou mais, 10,2%.

Apesar de ser uma fase da vida na qual trazemos uma maior bagagem de sabedoria e experiências valiosas, a terceira idade também pode vir acompanhada de perdas, mudanças na rotina e isolamento social – fatores que, muitas vezes, contribuem para o surgimento da depressão em pessoas idosas.

Apesar de muito comum, a depressão em idosos ainda é subdiagnosticada. Muitas vezes, os sintomas são confundidos com “tristeza normal da idade” ou até mesmo mascarados por queixas físicas. Por isso, familiares, cuidadores e profissionais de saúde precisam estar atentos aos sinais que indicam que algo mais profundo pode estar acontecendo.

Nem toda tristeza é depressão, mas há comportamentos que merecem atenção, especialmente quando se mantêm por semanas ou interferem na qualidade de vida. Para orientar sobre alguns indícios da presença do problema, o psiquiatra dr. Thiago Lemos de Morais elencou alguns pontos de atenção. Confira:

– Desânimo constante ou perda de interesse por atividades que antes davam prazer, como passeios, hobbies ou encontros familiares.
– Alterações no sono, como insônia ou sono excessivo.
– Mudanças no apetite, comer muito menos ou mais do que o habitual.
– Queixas físicas frequentes, como dores no corpo, problemas digestivos e fadiga, sem uma causa clínica aparente.
– Irritabilidade, impaciência ou apatia, que podem ser confundidas com sintomas do envelhecimento.
– Isolamento social, evitando conversas ou convívios.
– Problemas de memória e concentração, que às vezes são atribuídos apenas à idade ou confundidos com sinais de demência.
– Expressões de culpa, inutilidade ou desesperança.

É comum ouvir frases como “ele está assim por causa da idade” ou “ela só está carente”. No entanto, a depressão é uma condição de saúde mental que exige atenção, e que pode e deve ser tratada – independentemente da idade. “A depressão em idosos ainda está associada a maior risco de doenças cardiovasculares, quedas, piora de quadros crônicos (como diabetes e hipertensão) e até suicídio. Por isso, identificar cedo e intervir pode salvar vidas”, explica o psiquiatra.

Diagnóstico e tratamento: o papel da rede de apoio

Se houver qualquer suspeita de depressão, é essencial procurar um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra para avaliação. O tratamento costuma envolver psicoterapia, apoio familiar, acompanhamento médico e, em alguns casos, medicação antidepressiva. Atividades físicas adaptadas, grupos de convivência e oficinas terapêuticas também têm papel importante na recuperação.

Dr. Thiago Lemos de Morais ainda listou algumas dicas de como agir com um idoso com depressão:

– Esteja presente, mesmo que o idoso pareça não querer conversar.
– Evite minimizar os sentimentos com frases como “isso vai passar” ou “é só se distrair”.
– Estimule a busca por ajuda profissional de forma acolhedora.
– Promova rotinas com propósito: atividades prazerosas, pequenos compromissos e convivência social fazem diferença.
– Mantenha o acompanhamento médico em dia, inclusive para avaliar se há interação entre medicamentos que possam afetar o humor.

Fonte: SEGS