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Além das viroses, idosos devem tomar outros cuidados no verão

O Verão começou no dia 21 de dezembro e, além das altas temperaturas, um surto de virose no litoral de estados como São Paulo e Paraná pegou moradores e turistas de surpresa recentemente. Embora inicialmente tenha-se falado que esse problema tenha ocorrido devido a uma questão sanitária, o Instituto Adolfo Lutz detectou o norovírus em amostras humanas de fezes coletadas na Baixada Santista. Além desse vírus, existem também as chamadas “viroses de verão”, caracterizadas pelos sintomas gastrointestinais, como vômito e diarreia.

No caso das pessoas idosas, segundo o geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) Marco Túlio Cintra, essas viroses são mais perigosas, pois podem provocar desidratação, risco de piora da função renal e internações. “Um idoso mais debilitado pode ter uma evolução pior. Então, quem está enfrentando um momento como esse, a primeira medida é consumir água de fonte confiável, seja comprando água mineral ou fervendo, como se fazia antigamente. Além disso, também é preciso se atentar com a alimentação, o local onde estão sendo adquiridos os alimentos e como está sendo realizado o preparo. Para isso, manter as mãos limpas e higienizadas para lidar com os alimentos é fundamental”, afirma.

É fato que o Sol faz bem para a saúde; no entanto, é preciso cuidado, especialmente para a população 60+, que pode sofrer mais com os efeitos do calor. De acordo com o geriatra, a desidratação e a hipertermia, quando o corpo atinge uma temperatura mais elevada que o normal, além do próprio câncer de pele, são os principais problemas que o idosos podem enfrentar com a exposição errada ao Sol. Ele explica que se deve atentar aos sintomas desse aumento da temperatura. Entre os mais comuns estão a tontura, a dor de cabeça e o mal-estar. “Estes sintomas podem evoluir para situações mais graves, como desmaios e crises convulsivas. Por isso, todo cuidado e atenção são necessários.”

Hidrate-se!

A questão da hidratação precisa ser levada a sério. Marco Túlio revela que pessoas idosas tendem a ter a sensação de sede reduzida, além da dificuldade de troca de calor. Segundo ele, o mecanismo da sede pode estar reduzido na pessoa idosa, o que pode levá-la a uma diminuição na ingestão de líquidos e, por essa razão, há a necessidade de estimular esse consumo.

“Artifícios como água saborizada, sucos leves, chás frios e água de coco podem ser usados, pois garantem a hidratação adequada”, afirma  o geriatra, ratificando que é importante evitar bebidas alcoólicas, cafeinadas ou muito açucaradas, pois podem contribuir para a desidratação. Alimentos ricos em água, como frutas, entre elas melancia, melão e laranja auxiliam na hidratação, assim como alguns vegetais, como pepino e abobrinha. “É fundamental estar atento a sinais como lábios e língua secos, diminuição do volume da urina, alterações de comportamento, confusão mental, tontura e fadiga. Tudo isso pode indicar que o idoso está desidratado.”

Manter uma alimentação balanceada fará a diferença na estação mais quente do ano. O geriatra relata que o ideal é dar preferência a refeições leves e de fácil digestão, evitando alimentos gordurosos e pesados. Por essa razão, saladas, frutas frescas e proteínas magras são bem-vindas. “O armazenamento adequado dos alimentos precisa de atenção a fim de prevenir intoxicações alimentares, que são comuns no Verão”, diz.

Outro ponto importante é a temperatura. Manter a pessoa 60+ em ambientes frescos e ventilados é outro cuidado fundamental para garantir a melhor qualidade de vida durante o verão. Assim, o uso de ventiladores ou ar-condicionado estão liberados, principalmente para evitar que os locais fiquem abafados, especialmente nos dias mais quentes. E caso o idoso não tenha acesso a ambientes climatizados, vale um passeio a espaços públicos refrigerados, como shoppings.

“Soma-se a isso o fato de não o expor ao Sol durante o horário de pico, entre 10h e 16h, além do uso de protetor solar com fator de proteção alto (FPS 30 ou superior) em todas as áreas expostas da pele, mesmo nos dias nublados, e usar as chamadas proteções físicas, como roupas leves, claras e de tecido natural, como o algodão, que facilita a transpiração, boné, chapéu e óculos de sol para proteger a cabeça e os olhos da radiação solar”, observa Marco Túlio, ao comentar que o Brasil tem um clima que é quente não apenas no Verão e, por essa razão, esses cuidados precisam ser tomados durante todo o ano, independentemente da estação. “Em um país tropical e com dimensões continentais como o Brasil é difícil delimitar os cuidados apenas durante um período do ano. O fato é que a pessoa idosa é mais suscetível a temperaturas extremas, tanto as mais elevadas quanto as mais baixas, por isso devem estar atentas, inclusive familiares e cuidadores”, atesta.

Fonte: Jornal Estado de Minas