
Entre idosos que passam longos períodos deitados em casa, a preocupação com a trombose nas pernas é mais frequente. Esse problema circulatório pode surgir quando o sangue fica “parado” por muito tempo nas veias, principalmente das pernas, favorecendo a formação de coágulos. Assim, em pessoas com mobilidade reduzida, doenças crônicas ou que retornam de longas internações, a atenção com a prevenção precisa ser constante.
Familiares e cuidadores costumam buscar orientações sobre o que fazer no dia a dia para diminuir esse risco, sem recorrer apenas a remédios. A boa notícia é que existem medidas simples, ligadas a movimento, hidratação e organização do ambiente, que ajudam bastante a evitar trombose em idosos acamados ou que passam grande parte do tempo na cama.
O que é trombose em idosos e por que o acamamento aumenta o risco?
A trombose venosa, especialmente a trombose venosa profunda nas pernas, acontece quando se forma um coágulo de sangue no interior de uma veia. Assim, em idosos acamados, a circulação fica mais lenta porque a musculatura das pernas quase não se movimenta. Por isso, sem a contração da panturrilha – muitas vezes chamada de “coração das pernas” – há prejuízo no retorno do sangue ao coração, facilitando o acúmulo de sangue nas veias.
Além do sedentarismo forçado, outras condições costumam somar riscos. Entre eles estão a idade avançada, cirurgia recente, insuficiência cardíaca, câncer, uso de certos medicamentos, varizes e histórico prévio de trombose. Em casa, a combinação de imobilidade prolongada, pouca ingestão de água e falta de rotina de movimentação é um cenário frequente em que esse tipo de complicação pode aparecer.
Quais cuidados diários ajudam a evitar trombose em idosos acamados?
A prevenção da trombose em idosos que ficam muito tempo deitados passa, em primeiro lugar, por algum grau de movimentação regular. Afinal, mesmo quando a pessoa não consegue se levantar sozinha, exercícios simples no leito, orientados por profissionais de saúde, podem ser aplicados. Ademais, movimentos de flexão e extensão dos pés, rotação dos tornozelos, flexão dos joelhos e contração da panturrilha ajudam a estimular a circulação venosa.
Em muitos casos, o fisioterapeuta elabora uma rotina de exercícios passivos (quando o cuidador movimenta as pernas do idoso) e ativos (quando o próprio idoso executa o movimento, dentro do que consegue). Ademais, a elevação das pernas com travesseiros ou almofadas, mantendo-as ligeiramente acima do nível do coração por alguns minutos várias vezes ao dia, também favorece o retorno venoso.
Outro ponto é a hidratação adequada. Beber pouca água pode deixar o sangue mais viscoso, o que facilita a formação de coágulos. A quantidade ideal varia conforme doenças associadas, como insuficiência cardíaca ou renal, por isso a orientação médica é importante. Em linhas gerais, manter água acessível, oferecer pequenos goles ao longo do dia e alternar com chás sem cafeína pode ajudar a garantir uma boa hidratação.
Como organizar o ambiente e a rotina para reduzir o risco de trombose?
O ambiente doméstico pode ser adaptado para incentivar pequenas mudanças de posição. A cama pode ter cabeceira ajustável, facilitando que o idoso fique semi-sentado em alguns momentos, o que já melhora a circulação em relação à posição totalmente deitado. A troca frequente de decúbito (lateral direito, lateral esquerdo e dorsal) a cada poucas horas reduz a pressão contínua em um mesmo ponto e estimula o fluxo sanguíneo.
Quando o médico autoriza, a passagem gradual da cama para a poltrona, com apoio de andador ou cadeira de rodas, permite curtos períodos sentado com os pés apoiados no chão ou em um banco. Esse processo deve ser cuidadoso, respeitando limitações, para evitar quedas ou queda brusca de pressão. A rotina do dia pode incluir horários definidos para se sentar, fazer exercícios de pernas e se hidratar.
Em alguns casos, é indicada a meia de compressão elástica, que ajuda o retorno do sangue das pernas para o coração. O uso, porém, não é universal: precisa ser prescrito por profissional de saúde, com modelo, tamanho e pressão adequados. Colocar e retirar a meia corretamente, sem dobras e sem apertar excessivamente, é fundamental para que haja benefício real.
Quais orientações médicas são importantes na prevenção da trombose?
A avaliação periódica do idoso pelo médico é uma parte essencial da prevenção de trombose em casa. O profissional analisa fatores de risco, doenças associadas, uso de medicamentos e limitações de mobilidade antes de indicar medidas específicas. Em algumas situações, especialmente após cirurgias, fraturas ou internações prolongadas, pode ser prescrito um anticoagulante para reduzir a chance de formação de coágulos.
Esse tipo de remédio exige acompanhamento rigoroso, pois pode aumentar o risco de sangramentos. Por isso, a prescrição, a dose e o tempo de uso são decididos caso a caso. O médico também orienta sobre sinais de alerta que podem sugerir trombose, como:
Inchaço repentino em uma perna, principalmente na panturrilha;
Dor ou sensação de peso em uma perna, pior ao movimentar ou tocar;
Vermelhidão ou aumento da temperatura local;
Falta de ar súbita, dor no peito ou tosse com sangue, que podem indicar embolia pulmonar.
Diante de qualquer desses sinais, a recomendação é buscar atendimento de urgência, pois a trombose e suas complicações exigem avaliação rápida. Ao mesmo tempo, manter um registro simples da rotina – horários de mudança de posição, ingestão de líquidos, uso de medicações e realização de exercícios – ajuda a equipe de saúde a ajustar o plano de cuidados.
Quais passos práticos podem ser seguidos no dia a dia?
Para facilitar a aplicação dessas orientações na rotina de casa, muitos cuidadores montam uma espécie de checklist diário com ações básicas de prevenção de trombose em idosos acamados. De forma geral, podem ser seguidos passos como:
Verificar com a equipe de saúde quais movimentos e posturas são permitidos para aquele idoso específico.
Realizar exercícios simples de pernas na cama, várias vezes ao dia, conforme orientação do fisioterapeuta.
Programar mudanças de posição a cada poucas horas, alternando lados e ajustando a altura da cabeceira.
Garantir oferta regular de água e outras bebidas adequadas, respeitando as restrições médicas.
Usar meias de compressão apenas se forem indicadas e na forma correta.
Observar diariamente as pernas em busca de inchaço, dor, alteração de cor ou temperatura.
Registrar sintomas diferentes, quedas ou dificuldades novas e informar ao médico nas consultas.
Combinando movimentação, hidratação, organização do ambiente e acompanhamento profissional, a prevenção da trombose em idosos que passam muito tempo deitados em casa torna-se mais efetiva. O cuidado constante, adaptado à realidade de cada família, contribui para reduzir riscos e preservar a circulação, sem mudanças bruscas ou medidas isoladas.
Fonte: Giro10





