Em 1969, meio milhão de jovens se reuniram em uma fazenda no interior de Nova York para protagonizar um marco histórico: o Festival de Woodstock. Mais que um evento musical, foi um grito de resistência. Jovens vestidos com tie-dye, coroas de flores e pés na lama ousaram dizer não à guerra, ao consumismo, à hipocrisia social. Eles queriam paz, amor e liberdade e foram ouvidos.
Meio século depois, temos uma geração que, em grande parte, não grita mais. A juventude atual vive cercada por tecnologia, informação e conforto como nunca se viu na história e, ainda assim, parece sufocada. Muitos estão paralisados por crises emocionais, mergulhados em diagnósticos, dependentes de likes, de validação digital e de medicamentos.
Há dor real, sim. Mas há também uma ausência gritante de propósito, de reação, de ambição.
Os hippies com todas as suas contradições, inclusive o uso desenfreado de drogas e o apelo ao hedonismo, parece que ao menos enxergavam o mundo. Viam as guerras, a desigualdade, o racismo, o autoritarismo e enfrentavam. A juventude de hoje vê políticos saqueando o país, vê a pobreza crescer, vê o meio ambiente sendo destruído e, na maioria das vezes, assistecalada.
Temos hoje uma classe política profissional que domina o cenário nacional há 40, 50 anos.
São os mesmos sobrenomes, fica na família, os mesmos discursos vazios, os mesmos interesses. Mudam as siglas, trocam de cargos, mas as práticas seguem as mesmas. Pior ainda são os oportunistas: políticos-sombra que se escoram em ícones nacionais para se promoverem, sem ideias próprias, sem alma pública e pouco a pouco vão sendo desmascarados com usos e costumes, vícios dos velhos coronéis da política.
E onde estão os jovens? Onde estão os indignados com isso? Há algumas poucas luzes surgindo, tímidas ainda, no cenário político. Mas a maioria da juventude prefere se esconder na crítica sem ação, na reclamação sem coragem, na desculpa permanente. “Está difícil”, dizem. Está mesmo. Mas quando não esteve?
As facilidades tecnológicas, que deveriam libertar, estão sendo mal aproveitadas. Eles têm acesso a livros, cursos, dados, conhecimento de ponta e usam isso para procrastinar. Para fugir. Para se alienar, passam horas jogando com pessoas do mundo, mas apenas jogam por horas, alguns perdem a noção de noite ou dia, apenas jogam, perdendo uma oportunidade de interagir. Onde estão os movimentos coletivos? Onde está a chama da transformação?
A verdade é simples: falta atitude. Até para conquistar um namorado ou uma namorada, hoje parece um drama existencial. Tudo vira obstáculo. Mas será que o problema está no mundo ou na falta de coragem para enfrentá-lo?
Os jovens atuais, em boa parte, vivem um vazio programado. Os símbolos de rebeldia viraram produtos de marketing. A crítica virou meme. O inconformismo virou pose de rede social. Falta o que sempre moveu grandes transformações: sentido. Ideia. Projeto coletivo. Amor pelas futuras gerações.
As guerras estão de volta, jovens matando jovens, por uma causa que desconhecem, enquanto os donos da guerra enriquecem, esbanjam o luxo, rosnam uns para os outros, mas quem morre é o jovem que não teve a opção de escolher.
O que será do mundo se os jovens apenas lamentam? O que será da democracia se os mesmos políticos envelhecem no poder e seus sucessores reproduzem os mesmos vícios? O que será do amor, se até ele é evitado por medo de frustração?
Desperta, ó jovem! Não é a tecnologia, nem a política, nem o passado que te aprisionam. É a falta de atitude. A falta de luta. A falta de propósito. A juventude precisa acordar não apenas para si, mas para o outro, para o mundo, para a história que precisa ser escrita com coragem e responsabilidade.
Não se trata de repetir Woodstock. Trata-se de ousar criar um novo grito. Um novo levante. Um novo ciclo.
Não há mais tempo para procrastinar, para esperar motivação que nunca chega. É preciso foco, comprometimento, disciplina.
QUE DEUS ABENÇÕE OS JOVENS E LHES ILUMINE O CAMINHO.
