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Discurso petista pró-democracia é balela

Lula foi eleito em 2022 com o discurso de defesa da democracia, e sua militância segue a mesma toada. Tudo balela. O petismo é avesso à liberdade política.

O Prêmio Nobel da Paz à María Corina Machado é mais um exemplo dessa farsa. Até agora, nem Lula nem seu governo se pronunciaram sobre a honraria concedida a uma ativista latino-americana que luta pelo fim da ditadura de uma nação vizinha de onde cerca de 700 mil pessoas partiram para se refugiar no Brasil. Comportamento vexatório, portanto, para o presidente do maior país da América do Sul.

Seu assessor internacional, Celso Amorim, disse apenas que concordava com a opinião emitida pelo governo dos EUA de que o comitê do Nobel premiou a política, não a paz —Donald Trump gostaria de ter levado a láurea.

A militância petista acusa Corina de golpista e agente imperialista porque ela clama por apoio e até intervenção internacional, inclusive dos EUA, que ajudem a derrubar o regime sangrento de Nicolás Maduro na Venezuela —é curioso que essa mesma militância não veja problema em campanhas em sentido similar para a guerra na Faixa de Gaza, ora sob cessar-fogo oriundo de acordo promovido pelo governo americano.

O silêncio de Lula agora se junta a comentários escabrosos anteriores. Quando Corina foi impedida de concorrer no pleito presidencial de 2024, disse que, em vez de ficar chorando, a oposição deveria indicar outro candidato. Após a vitória de Maduro na eleição atestada como fraudulenta por organismos internacionais, afirmou que o governo da Venezuela não é uma ditadura, mas um “regime muito desagradável”.

O presidente da República e sua base não têm compaixão nenhuma pelos cerca de 8 milhões de refugiados venezuelanos, nem por centenas de mortos, presos ou torturados, incluindo por violência sexual, revelados por investigações da ONU e do Tribunal Penal Internacional.

Como disse Corina, o Nobel da Paz não é para ela, é para todos os venezuelanos que sofrem sob um regime tirano e que lutam pela democracia —lutam de fato, ao contrário da falsidade petista.

Por Lygia Maria – Mestre em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP