Presidente do CEDEDIPI-MT cobrou prioridade da Prefeitura de Cuiabá na construção de ILPIs para atender idosos em situação de vulnerabilidade

No Dia Internacional da Pessoa Idosa, comemorado nesta quarta-feira (1º), a Câmara Municipal de Cuiabá sediou uma audiência pública em alusão aos 22 anos do Estatuto da Pessoa Idosa. O encontro reuniu órgãos públicos, entidades de defesa e representantes da sociedade civil para debater políticas voltadas ao envelhecimento digno.
O tom mais forte do debate veio do presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (CEDEDIPI-MT), Isandir Rezende, que criticou a falta de prioridade da Prefeitura de Cuiabá na destinação de recursos já garantidos para a construção de Instituições de Longa Permanência (ILPIs).
“Eu pergunto: se temos idosos morando na rua, será que é difícil entender que é uma urgência? Esse recurso não sai do orçamento do município, houve um trabalho árduo para trazer esse dinheiro a Cuiabá. Não faz sentido querer mudar um projeto já aprovado por questões pessoais. É desrespeito com os idosos, que já contribuíram com a sociedade e hoje não têm onde morar. Se é para construir presídio, o processo anda rápido. Por que não acontece o mesmo quando se trata de vidas humanas?”, questionou Isandir.
O presidente do CEDEDIPI-MT lembrou que já existe uma ação civil pública determinando que o município viabilize a criação de uma ILPI, e voltou a cobrar sensibilidade do poder público. “Estamos falando de idosos que vivem nas ruas, um caso de urgência que dispensa até licitação. Se para construir presídios o processo é tratado como emergência, por que não se aplica a mesma lógica para salvar vidas humanas? Política pública social não pode ser movida por vaidade ou interesse pessoal”, enfatizou.
A presidente do Abrigo Bom Jesus, Márcia Ferreira, também chamou atenção para as limitações enfrentadas pelas Instituições de Longa Permanência. Ela defendeu a aprovação de projeto de lei que tramita no Congresso e que permitirá o uso de recursos da saúde para a compra de medicamentos e insumos, hoje proibido pelo Estatuto.
“Hoje podemos usar recursos para reformar ou comprar equipamentos, mas não para custear a maior despesa de uma ILPI, que é com saúde e medicamentos. É urgente mudar essa realidade para garantir condições dignas de cuidado”, ponderou.
O vereador Chico 2000, que requereu a audiência pública, ressaltou os avanços conquistados ao longo das duas décadas de vigência do Estatuto da Pessoa Idosa, mas alertou que ainda persistem desafios importantes, como a violência contra idosos, a falta de acessibilidade e as dificuldades de acesso à saúde.
“Esta audiência não é apenas um ato formal, mas um espaço de diálogo. Cada fala será transformada em encaminhamento para fortalecer políticas públicas concretas. Nosso dever é avançar cada vez mais na valorização daqueles que cuidaram de nós a vida inteira”, afirmou.
Representando a Secretaria de Assistência Social, a secretária adjunta Paolla Reis ressaltou os serviços ofertados nos Centros de Convivência de Idosos (CCIs) e nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), mas reconheceu a necessidade de ampliar investimentos e estrutura.
“Muitas vezes se presume que os idosos já estão amparados, mas a realidade é diferente. Nossa atuação busca fortalecer vínculos e combater o isolamento, oferecendo atividades como hidroginástica, rodas de conversa e oficinas nos CCIs. É preciso avançar para atender cada vez mais pessoas”, destacou.
