Pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, utilizaram uma ferramenta de inteligência artificial (IA) para analisar imagens cerebrais de pessoas de 70 anos, revelando como o estilo de vida e condições de saúde podem impactar o envelhecimento cerebral. Os resultados foram publicados na revista Alzheimer’s & Dementia, em 20 de dezembro, apontam que hábitos saudáveis, como a prática regular de exercícios, estão associados a cérebros com aparência mais jovem, enquanto condições como diabetes, inflamação e altos níveis de glicose contribuem para um envelhecimento acelerado.
Segundo o estudo, fatores prejudiciais à saúde vascular estão intimamente ligados ao envelhecimento cerebral. Condições como derrames, doenças de pequenos vasos cerebrais e inflamação foram associadas a cérebros que aparentam ser mais velhos do que a idade cronológica dos indivíduos. Por outro lado, manter a saúde vascular — através do controle de níveis de glicose e da adoção de um estilo de vida ativo — pode ajudar a preservar a juventude do cérebro.
“Fatores que afetam negativamente os vasos sanguíneos também podem estar relacionados a cérebros com aparência mais velha. Isso reforça a importância de cuidar da saúde vascular para proteger o cérebro”, explica Anna Marseglia, pesquisadora do Departamento de Neurobiologia, Ciências do Cuidado e Sociedade do Instituto Karolinska e autora principal do estudo, ao Neuro Science News.
Como Funciona a Ferramenta de IA?
A pesquisa analisou dados de 739 indivíduos cognitivamente saudáveis, sendo 389 mulheres, recrutados da coorte H70 em Gotemburgo, na Suécia. Com base em ressonâncias magnéticas, a IA estimou a idade biológica do cérebro de cada participante. Depois o algoritmo também utilizou amostras de sangue para medir biomarcadores, como lipídeos, glicose e inflamação, além de considerar fatores de estilo de vida e condições médicas.
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“O algoritmo é preciso, robusto e fácil de usar. Embora ainda necessite de mais avaliações, esperamos que, no futuro, ele possa ser úteis em investigações clínicas de demência”, afirma Eric Westman, professor de Neurogeriatria e investigador principal da pesquisa.
Uma descoberta intrigante do estudo foi a diferença nos fatores associados ao envelhecimento cerebral entre homens e mulheres. Isso sugere que os gêneros podem construir resiliência de formas distintas, o que será explorado em futuras pesquisas. Os cientistas planejam investigar como aspectos biológicos, como hormônios, e influências socioculturais, como engajamento social e suporte, impactam a resiliência cerebral.
“No próximo ano, lançaremos um estudo para entender como a saúde social — incluindo conexão e suporte — na meia-idade e velhice, além de fatores como sono e estresse, influencia a resiliência cerebral, com foco especial na saúde das mulheres”, diz Marseglia.
Fonte: Galileu