Pular para o conteúdo

Convívio social é fator decisivo para longevidade após os 60, diz especialista

Atividades e hobbys auxiliam na saúde mental e emocional de idosos — Foto: reprodução/TV Globo

Conviver com amigos e pessoas de diferentes gerações é tão importante para os idosos quanto cuidar da saúde física. Segundo especialistas, essas conexões reduzem a solidão, ajudam no bem-estar emocional e até diminuem sintomas de depressão.

O professor Carlos Gaudioso, doutor em ciências médicas e especialista em saúde mental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), explica que as relações sociais influenciam diretamente na longevidade. Para ele, o contato com família, amigos e comunidades ajuda a reduzir a solidão e preservar a saúde.

“A família oferece apoio e segurança emocional. Os amigos trazem alegria, troca de experiências e a sensação de pertencimento. Já os clubes e centros de convivência ajudam a combater a solidão”, detalha Gaudioso.

A interação entre diferentes gerações, chamada de intergeracionalidade, pode começar dentro de casa, com a convivência entre idosos e jovens. Essa troca amplia experiências culturais e fortalece a autoestima.

“Essas situações impactam diretamente a longevidade. Os idosos vivem de forma mais tranquila e segura”, afirma o professor.

Gaudioso resume os principais fatores para envelhecer bem em quatro pilares:

  • Estilo de vida saudável
  • Saúde preventiva
  • Saúde mental e emocional
  • Ambiente seguro e acessível

Pilares para estilo de vida saudável

1. O primeiro pilar é manter um estilo de vida saudável. Isso inclui alimentação balanceada, com fibras, frutas, verduras e pouco consumo de alimentos processados. No calor de Mato Grosso do Sul, a hidratação com água e sucos naturais é essencial.

Também é importante praticar exercícios físicos com frequência, como caminhadas, danças, alongamentos, hidroginástica ou musculação adaptada.

2. O segundo pilar é a saúde preventiva, que envolve consultas de rotina, exames periódicos e vacinação em dia. Também inclui o acompanhamento de doenças crônicas, como hipertensão e diabete.

3. O terceiro pilar é cuidar da saúde mental e emocional. Entre as recomendações estão: estimular a mente com leituras, cursos e atividades culturais; praticar técnicas de manejo do estresse, como meditação e exercícios de respiração; investir em espiritualidade; e buscar sentido e propósito de vida, seja no voluntariado ou em hobbies.

“O voluntariado, a espiritualidade e o cultivo de hobbies fortalecem a saúde mental e ajudam a manter o propósito de vida”, explica Gaudioso.

4. O quarto pilar é garantir um ambiente seguro. Isso significa adaptar a casa para prevenir quedas e buscar espaços públicos acessíveis.

Vida tranquila, autonomia e independência

Manter a autonomia é essencial. Atividades simples do dia a dia, como cozinhar, cuidar da casa, caminhar ou até brincar com os netos, ajudam a fortalecer o ânimo e a autoestima.

“O planejamento financeiro garante um futuro tranquilo. Depois dos 60 anos, é fundamental cultivar hobbies, como jardinagem, música, artesanato e viagens. O lazer, aliado à espiritualidade ou religiosidade, faz parte do envelhecimento saudável”, completa Gaudioso.

O sono de qualidade também é essencial. Dormir bem melhora a memória, a atenção, fortalece a imunidade e dá mais disposição.

Envelhecimento ativo

O psicólogo Rômulo Said Monteiro destaca que os idosos precisam se manter ativos para preservar a autoestima. “O 60+ não pode se aposentar e não querer mais nada da vida. Quando isso acontece, ele perde a sensação de utilidade e pode se sentir inútil”, afirma.

Rômulo, que costuma dizer “maluco não envelhece”, é exemplo disso. Aos 71 anos, segue ativo como psicólogo, pratica esportes e retomou o passatempo do ferromodelismo, construindo maquetes e trens em miniatura.

Ele também organiza treinamentos de controle de ansiedade e estresse com técnicas de Psicodrama e Mindfulness, incluindo aulas ao ar livre. “O bom humor é muitíssimo importante e ele pode ser cultivado com esses grupos, com essas ações”.

Fonte: G1