Como diz o ditado, nenhum homem é uma ilha. Gente dos mais variados tipos de temperamentos e personalidades em algum momento precisarão de outras pessoas para viver melhor – e quanto mais diferentes essas pessoas forem, melhor. A solidão é como uma dinamite prestes a explodir: tristeza, sentimento de não pertencimento, etarismo e preconceitos mil. É preciso desconstruir tais ideias, e as premissas de que pessoas idosas têm direitos, inclusive de alcançar a completude nessa fase da vida, vai – felizmente – tomando seu lugar. O convívio viabiliza que as pessoas 60+ se sintam necessárias às tarefas cotidianas e evite se isolar do mundo exterior.
Dados das Projeções de População do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, de 2000 para 2023, a proporção de idosos na população brasileira quase duplicou, saindo de 8,7% para 15,6%, o que representa 33 milhões de pessoas idosas, com projeção de aumento até 2070. Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, em seminário realizado neste março último, para que essa parcela significativa viva com independência, autonomia e qualidade de vida, os avanços tecnológicos são essenciais. Os estudos foram liderados pelo gerontólogo Dr. Marco Tulio Cintra, dirigente da entidade citada.
Consultar exames médicos, pedir serviços de transporte online, acessar as redes sociais onde podem saber do andamento da vida de seus entes queridos são ações que podem retirar essas pessoas de um “limbo” digital. A vontade de socializar-se e o sentimento de pertencimento criam motivação para que realizem atividades e tarefas que possam trazer benefícios à saúde e, consequentemente, para um envelhecimento saudável, já que essas ações previnem doenças mentais e estimulam os aspectos cognitivos, de memória e de atenção. Quando a pessoa idosa se rende ao ostracismo, abdica de tomar tais cuidados e renega a chance de continuar na ativa por muito tempo.
Novo modo de (con)viver
Experiências bem sucedidas de cohousing no exterior fizeram essa tendência pegar aos poucos no Brasil. O “cohousing” (em tradução livre, morar coletivamente) parece mais como um povoado, onde as pessoas idosas são estimuladas a dividir os mesmos espaços, compartilhar as necessidades e angústias semelhantes. Há o incentivo de que os idosos sejam mais independentes, convivam entre si e dividam as suas experiências de vida. Há de se explicar: pessoas idosas que optam por esse modo de viver não ficam presas, ou cativas. O objetivo é não deixar que essa população mergulhe na solidão, tampouco sejam excluídas do convívio social.
Fonte: Afubesp