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Alerta: violência contra idosos cresceu 38% nos últimos anos

Em 2003, a novela Mulheres Apaixonadas colocou na tela um tema que pouco se falava na época: a violência contra idosos dentro de casa. Vinte anos depois, a situação continua real e preocupante.

Segundo dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, os casos de violência contra pessoas idosas no Brasil subiram 38% nos últimos anos, passando de 65 mil denúncias. A maior parte acontece dentro da própria família, com filhos, netos ou parentes próximos como agressores.

A violência pode ser física, deixando marcas visíveis, ou psicológica, que é mais silenciosa. Humilhações, xingamentos e desprezo constante são formas de abuso que muitas vezes passam despercebidas.

Naira Dutra Lemos, assistente social da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, explica que muitos idosos não denunciam por vergonha ou medo. “O isolamento social, a dificuldade de falar e o medo de estar perto de quem maltrata são sinais de alerta”, diz.

Outro problema é a infantilização. Tratar o idoso como incapaz de opinar ou como se fosse uma criança pode machucar e dificultar a comunicação sobre situações de abuso dentro da família.

Na Baixada Santista, que tem cerca de 1,83 milhão de habitantes, quase 300 mil pessoas têm 60 anos ou mais. Esse número é maior que a média do estado, e o envelhecimento da população torna o cuidado com a terceira idade ainda mais importante.

No estado de São Paulo, foram registrados mais de 107 mil casos de violência contra idosos e 18 mil denúncias formais entre janeiro e junho deste ano. A queda em relação a 2024 pode indicar menos denúncias, não menos casos, porque muitos ainda têm medo ou dificuldade de denunciar.

Na região, conselhos municipais do idoso, secretarias de assistência social e centros de referência ajudam a prevenir e atender vítimas. Santos, por exemplo, mantém um canal de denúncias e reforça ações durante o Junho Violeta, com palestras e atividades educativas.

Cidades como Praia Grande e São Vicente oferecem serviços especiais de proteção, incluindo acompanhamento psicológico, social e jurídico para quem sofre maus-tratos.

Mesmo assim, os desafios continuam. Falta estrutura em alguns municípios e muitas agressões seguem invisíveis por falta de denúncia. Para especialistas, é preciso fortalecer a rede de proteção e envolver toda a sociedade na prevenção.

Quem presenciar ou suspeitar de maus-tratos deve denunciar pelo Disque 100, pela Polícia Militar (190), pelos conselhos municipais do idoso ou pelos centros 

Fonte: Jornal da Orla