Com dores no joelho que o impedem de caminhar normalmente, o Papa Francisco admitiu que “não é fácil entender” a velhice. Aos 85 anos de idade, o líder católico foi forçado a cancelar compromissos e alterar o protocolo de celebrações nas últimas semanas por causa das dores crônicas em seu joelho direito, frutos de uma lesão nos ligamentos. Além disso, passou a contar com o auxílio de uma cadeira de rodas nos últimos dias para se deslocar.
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A mensagem do Santo Padre começa com o versículo 15 do Salmo 92 que diz: «Até na velhice continuarão a dar frutos. Esta “é uma boa notícia, um verdadeiro evangelho que podemos, por ocasião do II Dia Mundial dos Avós e Idosos”, afirma o Papa no texto, observando que esta frase vai contracorrente ao que “o mundo pensa desta fase da vida” e “ao comportamento de alguns idosos” que caminham “com pouca esperança e sem nada mais esperar do futuro”.
Segundo Francisco, “muitas pessoas têm medo da velhice. A consideram uma espécie de doença, com a qual é melhor evitar qualquer tipo de contato. “É a cultura do descarte: aquela mentalidade que, enquanto nos faz sentir mais frágeis e alheios à sua fragilidade, permite-nos imaginar caminhos separados entre nós e eles. Mas, na realidade, uma vida longa é uma bênção”.
Acrescentou ainda: “As sociedades mais desenvolvidas gastam muito para esta idade da vida, mas não ajudam a interpretá-la: proporcionam planos de assistência, mas não projetos de existência”.
De acordo com o Papa, a aposentadoria e os filhos “autônomos fazem esmorecer os motivos pelos quais gastamos muitas das nossas energias. A consciência de que as forças declinam ou o aparecimento de uma doença podem pôr em crise as nossas certezas. O mundo com os seus ritmos acelerados, que sentimos dificuldade em acompanhar parece não nos deixar alternativa, levando-nos a interiorizar a ideia do descarte”.
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“Envelhecer não é uma condenação, mas uma bênção!”
Em sua mensagem diz que “devemos vigiar sobre nós mesmos e aprender a viver uma velhice ativa, inclusive do ponto de vista espiritual, cultivando a nossa vida interior”. Francisco convida também a cultivar “as relações com os outros: primeiramente, com a família, os filhos, os netos, a quem havemos de oferecer o nosso afeto cheio de solicitude; bem como as pessoas pobres e atribuladas, das quais nos façamos próximo com a ajuda concreta e a oração.
Tudo isto ajudará a não nos sentirmos meros espectadores no teatro do mundo, não nos limitarmos a olhar da sacada, a ficar à janela.”
O Papa Francisco ainda destacou que o mundo “vive um período de dura provação, marcado primeiro pela tempestade inesperada e furiosa da pandemia, depois por uma guerra que fere a paz e o desenvolvimento à escala mundial”.
“Não é por acaso que a guerra tenha voltado à Europa no momento em que está desaparecendo a geração que a viveu no século passado. E estas grandes crises correm o risco de nos tornar insensíveis ao fato de que existem outras epidemias e outras formas generalizadas de violência que ameaçam a família humana e a nossa Casa comum”, disse Francisco, em referência ao conflito russo-ucraniano.