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Brasil: O gigante de potencial, ajoelhado pela má política

O Brasil é uma nação abençoada pela natureza, com seus 8,5 milhões de quilômetros quadrados e uma população de cerca de 220 milhões de almas, poosui terras férteis, recursos hídricos abundantes, um clima favorável e um subsolo repleto de riquezas minerais inexploradas – ouro, diamantes, nióbio, petróleo e outros. Somos líderes mundiais na produção de alimentos, destacando-nos em grãos e carnes. Diante de tanta opulência natural, como entender o paradoxo de um país mergulhado em estagnação econômica, pobreza social e instabilidade institucional? A resposta, para muitos, ecoa em uníssono: o maior problema do Brasil reside na má qualidade de seus políticos.

O espetáculo dos pinóquios e a cegueira coletiva se torna teatro e o povo, plateia nessa ré-pública de faz de conta, isso em pleno século XXI. O Brasil continua encenando um drama cívico que mais se assemelha a uma ópera grotesca, bizzara, do que a uma democracia madura. No palco dessa tragicomédia tropical, os protagonistas são os “Pinóquios de paletó”, políticos cuja relação com a verdade é meramente decorativa. Seus discursos inflamados, populistas e cuidadosamente roteirizados escondem realidades incômodas: corrupção, ineficiência, interesses privados e desprezo pelo bem comum.

Mas o que torna esse espetáculo ainda mais perverso é a cegueira coletiva de parte significativa da população. Um comportamento que beira o fanatismo político, no qual a razão é substituída pela paixão cega e pela idolatria a líderes e partidos, mesmo quando os fatos denunciam suas falhas morais e administrativas.

A exceção de parlamentares verdadeiramente comprometidos com o progresso – que, felizmente, existem e honram o povo – é ofuscada por uma maioria que se comporta, segundo a percepção popular e a divulgação jornalística, como “figurantes de luxo”. Muitos representantes eleitos, em vez de servirem ao povo, parecem utilizar o poder para atender a interesses pessoais e partidários.

Projetos estratégicos, cruciais para o desenvolvimento, como a Ferrogrão, a exploração de riquezas minerais ou a industrialização de insumos agrícolas, são abandonados ou desprezados. Pressões ideológicas, acordos internacionais desfavoráveis ou pura negligência administrativa sacrificam o futuro do país no altar de interesses menores. Como é possível, por exemplo, que o Brasil, gigante da produção agrícola, seja refém da importação de aproximadamente 85% dos fertilizantes e defensivos que utiliza? Essa dependência nos torna vulneráveis a oscilações externas e chantagens comerciais, fruto de uma falta de visão estratégica e da submissão de decisões técnicas a interesses político-partidários.

O Brasil, sob a liderança de um presidente que se declara de “esquerda”, tem manifestado simpatia explícita por regimes autoritários como Irã, China e Rússia. Esses países possuem características comuns alarmantes: concentração de poder, repressão à oposição, controle da mídia, censura e supressão de direitos civis. Tais práticas afrontam diretamente os princípios democráticos consagrados na Constituição Federal brasileira e representam um verdadeiro tapa na cara da nossa história e do povo brasileiro.

Enquanto celebra alianças com nações onde a liberdade é uma exceção, o atual governo brasileiro adota internamente uma política assistencialista deliberada — frequentemente interpretada como populismo disfarçado. Trata-se de uma estratégia que favorece o imediatismo, trocando projetos de longo prazo, como educação de qualidade, geração de empregos e desenvolvimento econômico, por ganhos de popularidade a curto prazo.

Uma política que, ao invés de empoderar o cidadão, o acomoda — estimulando o ócio e o parasitismo sob a promessa de benesses constantes. O nosso país precisa, com urgência inadiável, de uma renovação política profunda. E essa renovação não se limita a nomes, mas a um compromisso inabalável com o caráter, com uma visão de futuro ambiciosa, com a competência técnica e, acima de tudo, com o bem comum. Isso não está vinculado a um partido “A” ou “B”, pois, como bem sabemos, figurantes de luxo e possíveis marginais podem estar em qualquer espectro político.

É imperativo que o Brasil desperte desse conformismo. Precisamos parar de escolher e torcer por um político como se torce por um time de futebol. O futuro do Brasil depende da nossa capacidade de exigir e eleger quem realmente se importa com o povo de pé, e não de joelhos.

Por Naime Márcio Martins Moraea – advogado e professor universitário