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Idosos relatam rotina de desrespeito aos assentos preferenciais nos ônibus de Cuiabá

A necessidade de respeitar os assentos preferenciais no transporte coletivo e vagas em estacionamentos foi tema de uma reportagem exibida pelo telejornal Bom Dia Mato Grosso da TV Centro América. A matéria jornalística destacou os desafios enfrentados por pessoas que têm direito a esses lugares, como idosos, gestantes, pessoas com deficiência e passageiros com crianças de colo. Além disso, a reportagem apresentou casos em que esses direitos são ignorados, reforçando a importância de conscientizar a população sobre o tema.

“Quando tem algumas pessoas com menos idade que não querem sair, eles olham, fazem de conta que não estão enxergando, eu falo: você poderia fazer o favor de trocar o assento comigo, aí eles deixam”, diz dona Ernestina de 80 anos, usuária do transporte público em Cuiabá.  

Os assentos preferenciais nos ônibus são facilmente identificados por cores ou adesivos e têm um propósito claro: garantir que pessoas em situações de maior vulnerabilidade física tenham prioridade e segurança durante o trajeto. Esses lugares são protegidos pela Lei nº 10.048/2000, que assegura o direito de prioridade para idosos, pessoas com deficiência, gestantes, pessoas com mobilidade reduzida e responsáveis com crianças de colo.

Apesar da legislação e da sinalização visível dentro dos ônibus, a reportagem revelou que o desrespeito ainda é comum. Muitos passageiros ocupam os assentos preferenciais de forma indevida e, frequentemente, ignoram a necessidade de ceder o lugar para quem tem direito. Para algumas pessoas, o uso de celulares, fones de ouvido ou a simples falta de empatia acabam servindo como desculpa para não perceberem ou atenderem ao pedido de quem precisa.

O problema, no entanto, vai além do incômodo: ele pode colocar em risco a segurança de passageiros mais vulneráveis. Idosos, por exemplo, têm maior dificuldade para se equilibrar em um veículo em movimento, e quedas podem causar sérios danos. Isso vale para gestantes e pessoas com deficiência, que dependem desses assentos para ter um trajeto mais seguro e confortável.

A discussão sobre respeito aos direitos preferenciais também se estende aos estacionamentos. Assim como nos ônibus, as vagas preferenciais são reservadas para idosos e pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, devidamente identificadas por placas e pinturas no chão. Essas vagas existem para facilitar o acesso dessas pessoas a locais como mercados, shoppings, hospitais e outros estabelecimentos.

No entanto, o desrespeito a essas vagas também é frequente. A reportagem ainda destacou que muitas pessoas estacionam nesses espaços sem necessidade, geralmente por conveniência ou pressa, ignorando a importância de deixar a vaga livre para quem realmente precisa. Vale lembrar que utilizar uma vaga preferencial sem autorização é uma infração de trânsito grave, sujeita a multa e remoção do veículo, conforme o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

Segundo o diretor do Sindicato dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Mato Grosso (Sindapi-MT), Isandir Rezende, os assentos preferenciais e as vagas reservadas não são apenas privilégios, mas sim uma necessidade. O Estatuto do Idoso estabelece claramente que os idosos têm direito à prioridade no transporte público e em espaços públicos e privados, como estacionamentos. Infelizmente, o que se vê na prática é a falta de conscientização de muitas pessoas, que ignoram esses direitos e acabam prejudicando quem realmente precisa.

“O Estatuto do Idoso é claro ao garantir prioridade no transporte coletivo, no acesso a serviços e em vagas de estacionamento. Mas de nada adianta termos leis se elas não são respeitadas. Precisamos de mais fiscalização, sim, mas também de mais conscientização. O respeito ao idoso deve vir de todos nós, como um valor humano e de cidadania,” destacou Isandir.

Assim é de grande importância as campanhas educativas para sensibilizar a população. Empresas de transporte, órgãos públicos e estabelecimentos privados têm papel fundamental na divulgação de informações e no incentivo ao respeito às vagas e assentos preferenciais. No entanto, a mudança de comportamento deve começar com cada cidadão.

Respeitar os assentos preferenciais nos ônibus e as vagas reservadas nos estacionamentos é uma demonstração de empatia, solidariedade e cidadania. Pequenos gestos, como ceder um lugar ou evitar estacionar em um espaço que não lhe é destinado, fazem uma grande diferença para quem realmente precisa.