
A saúde mental da população idosa no Brasil acende um sinal de alerta. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2024/2025 indicam que 13% dos brasileiros na terceira idade apresentam sintomas de depressão, percentual que se repete em levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística entre pessoas de 60 a 64 anos. O cenário revela um quadro de sofrimento que afeta não apenas os idosos, mas também suas famílias.
Especialistas apontam que fatores físicos, emocionais e sociais contribuem para o avanço do transtorno nessa faixa etária. A perda progressiva da autonomia, o surgimento ou agravamento de doenças crônicas, o isolamento social e a vulnerabilidade socioeconômica estão entre os principais elementos associados à depressão em idosos.
Para a psiquiatra Nívea Schweiger, da Afya Educação Médica Curitiba, a depressão na terceira idade costuma ser resultado da combinação de múltiplos fatores. “A falta de vínculos sociais, a redução da autonomia e experiências como o luto e o uso contínuo de medicamentos podem intensificar quadros depressivos. Esses elementos, isoladamente, não causam a doença, mas podem ter impacto significativo quando o transtorno está em desenvolvimento”, explica.
A especialista ressalta ainda que o diagnóstico exige cautela, já que sintomas depressivos podem estar associados a outras condições de saúde. “Em alguns casos, quadros de demência podem se manifestar inicialmente como depressão. Por isso, é fundamental investigar aspectos neurológicos antes de fechar o diagnóstico”, afirma. Após a confirmação, o tratamento deve combinar acompanhamento médico, uso criterioso de medicamentos e psicoterapia, levando em conta as demais doenças do paciente.
Nívea Schweiger destaca também o papel essencial da família no enfrentamento da depressão na terceira idade. Segundo ela, o apoio deve equilibrar cuidado e respeito à autonomia. “A família precisa compreender o transtorno, acompanhar o tratamento e estimular uma rotina ativa, sem restringir excessivamente as atividades do idoso. O desafio é cuidar sem retirar a independência”, conclui.
Fonte: Jornal Extra





