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Expectativa de vida em alta, impulsiona crescente participação de idosos no mercado de trabalho

O aumento constante da expectativa de vida no Brasil tem transformado o perfil da força de trabalho e ampliado de forma significativa a presença de idosos no mercado. Segundo dados do IBGE, a expectativa de vida do brasileiro chegou a 77 anos, e projeções indicam que, até 2050, mais de 30% da população será composta por pessoas com 60 anos ou mais. Esse envelhecimento populacional, aliado ao avanço da saúde preventiva e ao acesso a tratamentos que prolongam a autonomia, tem feito com que cada vez mais idosos permaneçam economicamente ativos.

Um levantamento recente mostra que o país atingiu números recordes de trabalhadores acima dos 60 anos. Em 2024, mais de 9 milhões de idosos estavam inseridos no mercado de trabalho, representando cerca de 10% de toda a população ocupada. A tendência se intensifica especialmente em áreas como comércio, serviços gerais, atendimento ao público e trabalho autônomo, setores que valorizam a experiência, a responsabilidade e a habilidade de lidar com situações complexas características comuns entre profissionais mais maduros.

A permanência dos idosos no trabalho acontece por múltiplos fatores. Para muitos, a motivação é financeira: aposentadorias abaixo do necessário para viver com conforto fazem com que parte desse grupo continue buscando renda complementar. Porém, uma parcela crescente permanece ativa por razões emocionais e sociais. A rotina de trabalho oferece propósito, reforça a autoestima e evita o isolamento, condições que especialistas apontam como essenciais para a saúde mental e cognitiva na maturidade.

Apesar dos avanços, ainda há desafios importantes. O etarismo preconceito baseado na idade segue como uma das principais barreiras. Muitos idosos relatam dificuldades em participar de processos seletivos, enfrentam dúvidas sobre sua capacidade de adaptação tecnológica e, em alguns casos, são preteridos por empresas que associam produtividade apenas à juventude. Ainda assim, pesquisas revelam que trabalhadores idosos apresentam índices menores de rotatividade, além de maior disciplina, pontualidade e lealdade às organizações.

Com o envelhecimento populacional, especialistas defendem que o Brasil precisa avançar na construção de políticas públicas e práticas empresariais que acolham essa nova realidade. Entre as iniciativas consideradas essenciais estão cursos de atualização tecnológica voltados à terceira idade, programas de combate ao etarismo, espaços de trabalho mais acessíveis e modelos de contratação flexível. Algumas empresas já têm implementado programas específicos para a contratação de profissionais acima dos 50 ou 60 anos, com resultados positivos tanto na produtividade quanto no clima organizacional.

A tendência, segundo demógrafos e economistas, é de que a presença de idosos no mercado de trabalho se torne cada vez mais comum e necessária. A longevidade, antes vista como sinônimo de aposentadoria prolongada, agora se associa a uma vida ativa, participativa e economicamente integrada. Nesse cenário, o envelhecimento deixa de representar um limite e passa a refletir a potência de uma geração que carrega consigo experiência, resiliência e disposição para continuar contribuindo com a sociedade.

Fonte: Portal RedeGeronto